A Cavídeo é uma produtora de vídeos independentes, alternativos e,
muitas das vezes, dirigidos por moradores de favelas. Capitaneada pelo
Cavi Borges, que tbém capitaneia a Cavídeo Locadora, na Cobal do
Humaitá. Cavi recebeu a Mostra de Artes das Favelas de braços abertos,
cedendo vários dos seus filmes, que serão apresentados no evento de 30
de abril. Ele também foi convidado a integrar uma roda de debates que
reunirá diversos produtores das artes das favelas para discutir
sustentabilidade. Isto porque a Cavídeo trabalha no sistema de
cooperativa e consegue, a partir da integração de profissionais das
diversas especialidades da produção cinematográfica, criar filmes com
baixíssimo orçamento – curtas a R$ 2.000,00 e longas a R$ 20.000,00. A
locadora Cavídeo é a principal provedora de recursos para tais
produções. Recentemente, o curta “A Distração de Ivan” foi apresentado
no Festival de Cannes e o longa “Enchente” (que retrata a enchente de
1996 na Cidade de Deus), apresentado no Festival de Cinema de
Tiradentes, foi aclamado pelo crítico de cinema Rodrigo Fonseca. A
Cavídeo desenvolveu, durante um período, o Projeto Curtas na
Prateleira, no qual eram gravados cerca de 350 curtas de diferentes
autores, em 50 DVDS, e distribuídos para Pontos de Cultura, ONGS,
Escolas, etc. O Projeto foi totalmente financiado por Cavi, chegando
ao ponto de ser inviável continuá-lo. Perguntei a ele se o Ministério
da Cultura não apoiaria um projeto como esse, mas parece que o MinC
tem um projeto parecido com esse (só que cobra pela distribuição!!!) e
não financiaria uma ação concorrente com a sua. A Cavídeo desenvolve
produções junto a diretores formados por oficinas como a do Nós do
Morro, no Vidigal, e Cufa, na Cidade de Deus. Revela-se assim uma
saída para que os moradores das comunidades tenham acesso à produção
cinematográfica de qualidade. As soluções encontradas por ela são um
exemplo importante para os produtores culturais da periferia. Pergunto
a Cavi o que faz ele aceitar assumir a idéia de um diretor. Segundo
ele, em primeiro lugar, o cara tem que se dedicar, correr atrás,
assumir o compromisso e o trabalho que dá fazer um filme. Também não
assume roteiros demasiado complexos e mirabolantes – a idéia é abraçar
idéias exeqüíveis. A receita tem dado certo: em 07 anos de produção,
são mais de 60 filmes finalizados.
Mostra de Artes das Favelas
terça-feira, 5 de abril de 2011
terça-feira, 29 de março de 2011
Cerâmica Negra da Maré
Sediada no Núcleo da Ação Comunitária do Brasil na Vila do João, reúne mulheres empreendedoras que se dedicam ao estudo e aplicação de técnicas primitivas de cerâmica artística e decorativa. Realizado em processo ecologicamente adequado, o trabalho das ceramistas já foi premiado com o Top 100 de artesanato do SEBRAE.
(Texto produzido por Edenize Silva.)
(Texto produzido por Edenize Silva.)
Ana Maria de Souza
Ana Maria de Souza, mineira de Carangola, veio para o Rio de Janeiro trabalhar como doméstica. Há seis anos, após freqüentar cursos de pinturas no Largo do Machado e na Tijuca, sempre com a mesma professora Lina de Mello, entregou-se de corpo e alma ao universo das artes. Poeta, atriz e artista plástica, em 2002, veio morar na Vila do João, quando intensificou sua produção. Atualmente, freqüenta um curso de interpretação no Catete, ministrado pelo diretor Paulo Mag, que a convidou para uma participação especial em sua última peça. Faz parte do grupo "Embaixadores da Alegria", fazendo um trabalho com pessoas especiais no Instituto Benjamim Constant, na Urca. Seu trabalho está exposto no muro de acrílico que a Linha Amarela S.A. construiu para esconder as favelas da Maré dos olhos dos trafegantes.Quando falta dinheiro para comprar pincéis, Ana Maria pinta com as mãos. Além disto, gosta de cantar músicas românticas, como Roberto Carlos e Pixinguinha e de escrever poesias.
Antes Que Seja Tarde
Tenho sede do mundo!
Tenho pressa
Não a presso do homem santo...
Tenho pressa.
Não esta pressa
Sem volta, sem canto
Que termina por encanto
Que a vida revela e confessa
Tenho sede do mundo
Do calor das pessoas
Do sentimento do mundo
Até no mais humilde recanto
Nos arrebaldes onde o amor
Sem vaidade encontra-se oculto
Numa lágrima
Ou num pranto isolado
Da face desconhecida úmida de saudade.
(Texto produzido por Edenize Silva.)
Antes Que Seja Tarde
Tenho sede do mundo!
Tenho pressa
Não a presso do homem santo...
Tenho pressa.
Não esta pressa
Sem volta, sem canto
Que termina por encanto
Que a vida revela e confessa
Tenho sede do mundo
Do calor das pessoas
Do sentimento do mundo
Até no mais humilde recanto
Nos arrebaldes onde o amor
Sem vaidade encontra-se oculto
Numa lágrima
Ou num pranto isolado
Da face desconhecida úmida de saudade.
(Texto produzido por Edenize Silva.)
A Cufa da Favela do Sapo
A CUFA – Central Única das Favelas – é uma organização sólida, reconhecida nacionalmente pelas esferas políticas, sociais, esportivas e culturais. Foi criada a partir da união entre jovens de várias favelas do Rio de Janeiro – principalmente negros – que buscavam espaços para expressarem suas atitudes, questionamentos ou simplesmente sua vontade de viver. Na Favela do Sapo, em Senador Camará, são realizadas atividades de teatro. Atualmente, um trabalho com performances poéticas a partir de textos de Carlos Drummond de Andrade. As performances ocorrem às segundas das 18h às 20h. As performances apresentadas são reunidas em um espetáculo semestral.
http://cufafaveladosapo.blogspot.com/
(Texto Produzido por Thiago Martha.)
Bruno Zagri de Manguinhos
Publicamos abaixo o depoimento interessantíssimo, cheio de histórias do artista plástico Bruno Zagri:
"Faço parte de um coletivo de graffiti chamado Conflitus, onde eu e mais um dos membros somos moradores de favelas da zona norte do Rio de Janeiro. Somando aos outros, incluindo minha noiva, somos em cinco. Nos utilizamos do graffiti como arte de rua e que atualmente compreende-se como uma expressão popular, para passar mensagens para a população carente e desprovida de informação. Nosso trabalho encontra os muros tanto das favelas quanto da chamada pista para transmitir essas mensagens. É claro que não só de crítica vive um ser humano rs, as vezes, muitas na verdade, fazemos graffitis mais artísticos com mensagens mais positivas, sem todo aquele conteúdo político etc...Eu particularmente já desenvolvi trabalhos há anos atrás, como arte-educador comunitário/voluntário, onde todo o material vinha do meu próprio bolso, para dar aulas de desenho e pintura aqui onde moro e também na Maré, além de uma ocupação na zona portuária do Rio que durou mais que um dia. Eram dois dias na semana com as crianças de lá. Até o final do ano passado, dei aula de graffiti em uma escola pública aqui perto e agora estou dando aula de graffiti no Centro Cultural Dyla na Praça Seca! Uma amiga e eu desenvolvemos um projeto para o edital Territórios de Paz do Minc, mas ainda não recebemos o resultado final, o projeto consiste em trabalhar o tema cidadania e arte com as crianças e jovens daqui de Manguinhos. Já expus trabalhos meus de pinturas em técnica mista, sobre Manguinhos inclusive na Fiocruz. Quando morei no Parque União, na Maré, montei uma Galeria na casa que morava de aluguel, os espaços da cozinha,banheiro e sala eram a galeria, essa iniciativa era a de desconstruir esses espaços imponentes e excludentes que são as galerias, onde em sua maioria as classes menos favorecidas não frequentam. Enfim, já fiz algumas exposições coletivas e individuais dos meus trabalhos, bom resumidamente é isso rs!"
(Depoimento recolhido por Edenize Silva.)
Abaixo algumas imagens do seu trabalho SENSACIONAL:
"Faço parte de um coletivo de graffiti chamado Conflitus, onde eu e mais um dos membros somos moradores de favelas da zona norte do Rio de Janeiro. Somando aos outros, incluindo minha noiva, somos em cinco. Nos utilizamos do graffiti como arte de rua e que atualmente compreende-se como uma expressão popular, para passar mensagens para a população carente e desprovida de informação. Nosso trabalho encontra os muros tanto das favelas quanto da chamada pista para transmitir essas mensagens. É claro que não só de crítica vive um ser humano rs, as vezes, muitas na verdade, fazemos graffitis mais artísticos com mensagens mais positivas, sem todo aquele conteúdo político etc...Eu particularmente já desenvolvi trabalhos há anos atrás, como arte-educador comunitário/voluntário, onde todo o material vinha do meu próprio bolso, para dar aulas de desenho e pintura aqui onde moro e também na Maré, além de uma ocupação na zona portuária do Rio que durou mais que um dia. Eram dois dias na semana com as crianças de lá. Até o final do ano passado, dei aula de graffiti em uma escola pública aqui perto e agora estou dando aula de graffiti no Centro Cultural Dyla na Praça Seca! Uma amiga e eu desenvolvemos um projeto para o edital Territórios de Paz do Minc, mas ainda não recebemos o resultado final, o projeto consiste em trabalhar o tema cidadania e arte com as crianças e jovens daqui de Manguinhos. Já expus trabalhos meus de pinturas em técnica mista, sobre Manguinhos inclusive na Fiocruz. Quando morei no Parque União, na Maré, montei uma Galeria na casa que morava de aluguel, os espaços da cozinha,banheiro e sala eram a galeria, essa iniciativa era a de desconstruir esses espaços imponentes e excludentes que são as galerias, onde em sua maioria as classes menos favorecidas não frequentam. Enfim, já fiz algumas exposições coletivas e individuais dos meus trabalhos, bom resumidamente é isso rs!"
(Depoimento recolhido por Edenize Silva.)
Abaixo algumas imagens do seu trabalho SENSACIONAL:
Luana Galdino de Souza, poeta da Rocinha
Bem , tenho 17 anos e, desde muito nova, aprecio a escrita e tudo que está relacionado a ela .Comecei a escrever cedo .Sempre tive necessidade de expor de alguma maneira o que estava pensando . Nunca tive em mente escrever poesia , apenas foi, digamos, "fluindo" . Escrever, para mim, é natural .Quase chega a fazer parte de mim
Lua na varanda,
Estrela brilhante olhando pra mim .
Pensamento longe.
Perdido.
Onde meus pés não podem ir .
Quero você aqui ,
Sem pensar.
Nem que fosse só olhar.
Teu tão belo eu .
Arredio.Momentaneamente frio.
As vezes quase por um fio.
Esse modo de me tratar .
E,
No meio disso tudo ,
Me encaixo,
Acho.
Por entre todas as brechas,
Espaços .
Pedaços vagos .
Que me permites perceber.
Me lembra gente.Murmúrio .
Samba .
Lapa.Boêmia.
Jeito carioca malandro de ser.
Amor ao Rio.
Amor por você .
(Entrevista realizada por Ademir Lamego.)
Lua na varanda,
Estrela brilhante olhando pra mim .
Pensamento longe.
Perdido.
Onde meus pés não podem ir .
Quero você aqui ,
Sem pensar.
Nem que fosse só olhar.
Teu tão belo eu .
Arredio.Momentaneamente frio.
As vezes quase por um fio.
Esse modo de me tratar .
E,
No meio disso tudo ,
Me encaixo,
Acho.
Por entre todas as brechas,
Espaços .
Pedaços vagos .
Que me permites perceber.
Me lembra gente.Murmúrio .
Samba .
Lapa.Boêmia.
Jeito carioca malandro de ser.
Amor ao Rio.
Amor por você .
(Entrevista realizada por Ademir Lamego.)
Oficina Vagão
A Oficina Vagão nasceu graças ao trabalho do Conjunto Teatral Última Estação na comunidade do Guandu, em Santa Cruz. O Conjunto tem uma estética teatral de pegar papel e caneta e ir atrás de histórias de moradores a fim de transformá-las em dramaturgia nos palcos. O interesse de aproximação de novas pessoas para trabalhar foi tão grande que nasceu a Oficina Vagão, que não perdendo a estética de contar histórias traz para o público, espetáculos com linguagem fácil e uma visão periférica de obras e autores conhecidos como Medéia e Jorge Amado. A Oficina já apresentou espetáculos sobre os Doze Trabalhos de Hércules com “Uma Dúzia de Trabalhos”, a Trajetória do rádio Brasileiro em “Nós, os Cantores do Rádio”, trouxe ao público uma linguagem facilitada e resumida do Clássico Grego Medéia em Vinte e três minutos com “Medeias XXIII” e agora foi implantado na Oficina um novo projeto chamado “Pequenos Atores, Grandes Autores” onde o grupo está estudando Autores Brasileiros pouco conhecidos nas comunidades e montando espetáculos em cima das obras dos autores estudados. No primeiro módulo o estudo em cima de Jorge Amado traz o espetáculo “Tieta do Agreste – A Pastora de Cabras”.
A Oficina acontece todas as Terças-feiras das 18:30 às 21:30 na casa de cultura Ser Cidadão ou no Espaço Cultural Zona Oeste, cede oficial do Conjunto Teatral Última Estação.
Quem coordena a Oficina Vagão é o diretor e Dramaturgo Sandro D’França, o mesmo diretor do Conjunto Teatral Última Estação. O trabalho da direção é tentar desenvolver um trabalho multiplicador e não reprodutor. O interessante é trazer coisas novas na comunidade e que ela se multiplique entre os moradores fazendo assim um mix de culturas entre diferentes linguagens e não uma coisa reproduzida do que já tem nas comunidades.
(Texto produzido por Ademir Lamego.)
A Oficina acontece todas as Terças-feiras das 18:30 às 21:30 na casa de cultura Ser Cidadão ou no Espaço Cultural Zona Oeste, cede oficial do Conjunto Teatral Última Estação.
Quem coordena a Oficina Vagão é o diretor e Dramaturgo Sandro D’França, o mesmo diretor do Conjunto Teatral Última Estação. O trabalho da direção é tentar desenvolver um trabalho multiplicador e não reprodutor. O interessante é trazer coisas novas na comunidade e que ela se multiplique entre os moradores fazendo assim um mix de culturas entre diferentes linguagens e não uma coisa reproduzida do que já tem nas comunidades.
(Texto produzido por Ademir Lamego.)
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